Legião Urbana - Metal Contra As Nuvens

 




"Por Deus nunca me vi tão só

É a própria fé o que destrói

Estes são dias desleais" (Renato Russo)


Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco. 
(Carlos Drummond de Andrade in "Os ombros suportam o mundo")


Há, na verdade, nesses dois grandes expoentes da poesia brasileira um senso de angustiosa apatia com o mundo: afinal, a fé e o amor resultam inúteis nesses homens modernos. Há deslealdade, falso amor, falsa honestidade...

É tempo de, senhoras e senhores, nos purificarmos - pois já que vemos defeitos e misérias no Outro, que tal o vermos em Nós Mesmos? E na percepção dessa pobreza de espírito em Nós, vamos buscar Aquele que só bem nos fez, que está disposto a nos resgatar do nosso vil procedimento. E nós, cientes de que vivemos entre homens de lábios impuros e da impureza dos nossos próprios lábios (Isaías 6:5) nos dobraremos diante dEle, adorando-o.


"Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei". (Mateus 11:28)







Não sou escravo de ninguém
Ninguém, senhor do meu domínio
Sei o que devo defender
E, por valor eu tenho
E temo o que agora se desfaz

Viajamos sete léguas
Por entre abismos e florestas
Por Deus nunca me vi tão só
É a própria fé o que destrói
Estes são dias desleais

Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal, me sabe o sopro do dragão

Reconheço meu pesar
Quando tudo é traição
O que venho encontrar
É a virtude em outras mãos

Minha terra é a terra que é minha
E sempre será
Minha terra tem a lua, tem estrelas
E sempre terá

Quase acreditei na sua promessa
E o que vejo é fome e destruição
Perdi a minha sela e a minha espada
Perdi o meu castelo e minha princesa

Quase acreditei, quase acreditei
E, por honra, se existir verdade
Existem os tolos e existe o ladrão
E há quem se alimente do que é roubo
Mas vou guardar o meu tesouro
Caso você esteja mentindo

Olha o sopro do dragão
É a verdade o que assombra
O descaso que condena
A estupidez, o que destrói
Eu vejo tudo que se foi
E o que não existe mais

Tenho os sentidos já dormentes
O corpo quer, a alma entende
Esta é a terra-de-ninguém
Sei que devo resistir
Eu quero a espada em minhas mãos

Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal, me sabe o sopro do dragão

Não me entrego sem lutar
Tenho, ainda, coração
Não aprendi a me render
Que caia o inimigo então
- Tudo passa, tudo passará

E nossa estória não estará pelo avesso
Assim, sem final feliz
Teremos coisas bonitas pra contar

E até lá, vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe pra trás
Apenas começamos
O mundo começa agora

Apenas começamos

Comentários

Postagens mais visitadas